Existe relação entre a qualidade do sono e a dor Crônica ?
O sono é um componente essencial para a saúde. É caracterizado por um estado de consciência alterado com um ciclo específico de atividade de ondas cerebrais. Durante o sono ocorre uma libertação coordenada de substâncias neurotransmissoras e hormonas, que regulam o crescimento, o desenvolvimento, a imunidade e as funções metabólicas. Diversos estudos sobre o sono e a sua relação com a dor, afirmam que a compreensão entre ambos pode ter impacto no tratamento da dor crónica.1
Na prática clínica, a perturbação do sono devido à dor pode ser indicativo da gravidade e do impacto funcional desta, sugerindo a hipótese de que seja uma relação bidirecional.2
As perturbações do sono, como a privação deste, estão associadas a muitas comorbilidades, a custos sociais e a custos de saúde, diretos e indiretos. Sabe-se que a privação do sono e a dor estão ambas relacionadas e são bastante comuns, em que a prevalência anual de sintomas de insónia varia de 35% a 50%, afetando assim uma parte substancial da população.1, 2
Existem evidências significativas de que a perturbação do sono predispõe ou piora a dor, em qualquer condição de dor, como por exemplo na dor musculoesquelética ou na dor de cabeça. Para além disso, observou-se que os distúrbios do sono podem estar relacionados com a incapacidade para o trabalho.2
Acredita-se que as perturbações do sono contribuem além da dor crônica para doenças cardiovasculares e psiquiátricas e até mesmo para o aumento da mortalidade. Em estudos científicos, a insónia foi sugerida como um fator de risco significativo para: depressão, ansiedade, fibromialgia, artrite reumatoide, artrite, osteoporose, dor de cabeça, asma e enfarte do miocárdio.1
Entre 55% a 88% dos doentes com dor crónica têm perturbações do sono e mais de 40% dos doentes com perturbações do sono reportam dor crónica.1
Recomendações básicas para melhorar a qualidade do sono4:
• Vá para a cama apenas quando estiver com sono e execute rotinas para induzir o sono (ler, relaxar …);
• Tente levantar-se e ir para a cama todos os dias ao mesmo tempo, incluindo aos fins de semana e feriados;
• Evite ficar na cama acordado mais do que o necessário;
• Evite dormir, sobretudo depois das 15h, e se for muito necessário que seja apenas de 15 minutos;
• Reduza ou evite o consumo de álcool, cafeína e tabaco pelo menos 6 horas antes de dormir;
• Evite grandes refeições antes de se deitar;
• Mantenha as condições ambientais adequadas para dormir (temperatura amena, ventilação, nenhum ruído e escuridão);
• Evite atividades stressantes nas horas antes de ir para a cama;
• Faça exercícios físicos moderados diariamente, de preferência pela manhã;
• Pratique exercícios de relaxamento antes de se deitar.